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Onde se Dança a mais de 100 mil anos

posted on agosto 21st 2005 in artigos with 0 Comentários

Serra da Capivara: Onde a arte e a ciência se unem como queria Laban

Carta enviada pela Cia. Artesãos do Corpo ao término do INTERARTES.

Caríssimas.
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a oportunidade de participar do III INTERARTS e conhecer uma região tão maravilhosa como o complexo artístico cultural e arqueológico que é o Parque Nacional Serra da Capivara. Como já havia dito, há muito que nos interessamos pelo projeto, pela figura extraordinária de Dra. Niéde Guidon e seu exemplo de persistência e coragem.

As inscrições rupestres nos convidavam a olhá-las mais de perto já há algum tempo. Ao assistir um programa sobre o Parque ficamos intrigados ao ver tantas figuras que dançavam…Será mesmo?

Além de poder ter acesso a tudo isso, ainda tivemos a oportunidade de dançar em solo tão sagrado!

Os poucos dias que aí passamos foram muito intensos. Esquecemos o cansaço da viagem e mergulhamos nesse universo tão rico: as pessoas do local, o projeto que é impressionante (cursos, oficinas), o Festival, e as visitas ao Parque. Vocês: Cris e Elaine, que com tanta energia foram incansáveis, nos dando sempre muita atenção. Obrigada.

Ficamos emocionados ante as figuras que sorriam para nós ali nas pedras e tantas idéias passaram pela minha cabeça. Começamos ali mesmo a imitar os movimentos que esses seres realizavam…..Parecem que estão sempre comemorando a vida. A vontade que dava era ficarmos ali sentados em silêncio olhando longamente para tudo aquilo. Agora queremos ler o livro da Dra. Annne – Marie Pessis e quem sabe a tese da Cris (?) para podermos levantar algumas hipóteses sobre o corpo e o movimento desses nossos ancestrais. Não vamos esquecer a Gameleira: parece conosco – fura até pedra e encontra o ar, o sol e a água.

Nossa experiência, minha e do Ederson, com a oficina (tão rápida) que demos aos meninos e meninas do Pro – Arte FUMDHAM foi surpreendente. Nossa dúvida era como, em tão pouco tempo poderíamos sugerir a vivência de algumas práticas desenvolvidas pela companhia Artesãos do Corpo. Nossa surpresa foi: eles, em tão pouco tempo, trouxeram exercícios poéticos e demonstraram um esforço e uma vontade de nos ouvir que nos emocionou. Adoramos todos! Guardaremos por muito tempo cada movimento ali realizado. Espero que vocês tenham forças para continuar encorajando-os.

Sabem, por aqui, cansamos de vermos jovens que, em cada movimento realizado fazia-nos vislumbrar um futuro, se perderem em desesperança e desistirem, indo realizar tarefas mecânicas e repetitivas em nome de um salário mixo no final do mês. Mas quem somos nós pra dizer não façam isso? Não somos um exemplo de pessoas financeiramente bem sucedidas, não é?

É sempre bom saber que nossa linguagem é passível de ser praticada por qualquer pessoa disposta a fazê-la. Esse ano está sendo muito difícil para a Companhia em termos financeiros, mas muito rico nas questões artísticas.

Vida longa a todos os projetos desenvolvidos por vocês!

Esperamos nos ver em breve
Abraços,

Mirtes Calheiros

Agosto 2005

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