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Processo criativo – Reflexões poéticas do Leandro

posted on setembro 22nd 2015 in Uncategorized with 0 Comentários

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Uma das visitas à Pastoral.
Sim, lembro desta moça. Bom ter revisto a palestra, melhor ainda ter a sensação de que as informações parecem convergir cada vez mais dentro da peça. Uma coisa que parece nova, leva a uma já vista e assim por diante.

Como muitos, criaremos também uma história. Um perigo! Perigo este que nos desviamos com o nosso jeito de contar, com as diversas interpretações que as cenas permitem que os intérpretes e a plateia o façam e até o MA está aí para nos dar um suporte nisto, afinal um desafio que assumimos foi o de usar o MA como um espaço-tempo de comunicação com o público e a meu ver, isto naturalmente multiplica a história.

Fico pensando também se, esta palestra intercultural com tudo de “única história” que ela carrega. Já não se junta a “única história” que cada um trás de Brasil. Se porcamente ou não, ela não desfaz alguns mitos ainda mais depreciativos sobre o que é a brasilidade. Que “únicas histórias” são contadas sobre o Brasil mundo a fora. Algumas delas conseguimos reconhecer e algumas delas, até sem  querer, reforçamos quando nos vemos fora daqui.

Na palestra de ontem, foi bem legal o momento em que ela dá o microfone aos africanos para que cada um diga o seu nome e de onde veio. Naquele gesto criaram-se bolhas de conexão. Mesmo não podendo avaliar a subjetividade de cada um ali, tinha algo meio sonâmbulo no ar.

Enfim, todas as vezes em que vamos a Pastoral, penso que muito nos atravessa.

Sobre o filme “Identidade de nós mesmos”, direção de Win Wenders sobre o estilista Yohji Yamamoto.
Vamos tocar e quem sabe um tempinho para uma sinuca!
Quando vi o filme, achei que de um modo geral ele tem muito a ver com algumas essências da cia. Yohji cria com as cidades e deixa que ele as atravesse e atravesse sua costura. Tem a intenção de fazer uma roupa que sirva de verdade, que seja algo para alguém, apesar de toda a efemeridade e cifras milionárias do mundo e do mercado em que ele atua. Ele tem leveza. Tem uma equipe que traduz bem os seus silêncios.
O Wim Wenders, lindo e humildemente se coloca como um aprendiz do seu filme, do seu processo, do seu personagem. Parece ir, aos poucos quebrando a premeditação inicial e simplificada das impressões fúteis que a moda lhe tinha impresso. E no fim das contas rende uma homenagem a todas estas mãos costureiras que se desafiam a fazer “ombros de verdade em um paletó de verdade”
Protagonista e diretor rendem-se à delicadeza de uma bainha executada à várias mãos, à escuta, à espera e claro, dialogam com o ar, os vazios e por que não correr o risco de dizer que, dialoga com o Ma e com o casaco que faz tão parte da minha identidade naquele momento da vida, que mesmo que não esteja frio, sempre é confortante tê-lo à mão.
Abraços tecidos
Leandro Antônio

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