CECÍLIA – micro narrativas de um bairro com nome de santa
2012
Fronteiras e muros não impedem o caminho do vento e com ele aromas, tristezas e sons de lugares que se acreditava distantes.
Cecília é uma coleção de sonhos: dois homens encontram um mulher/anjo no chão, uma noiva que flutua, pés que “caminhandançando” pela ruas, paredes que se deslocam durante a noite modificando a paisagem ao nascer do sol, um animal que procura seu filhote na terra ocupada pelos “sem prantos”, são algumas histórias que refazem um bairro por imagens, memórias, aproximações e afetos.
Santa Cecília, condenada à morte, no século III, por suas ideias e crenças, teve sua garganta cortada permanecendo no chão por três dias até morrer. Ao olhar sua imagem retorcida é impossível não se lembrar dos que vivem no chão das ruas da cidade.
Em Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino parecia descrever várias cidades, mas falava de apenas uma. Ao falarmos de Santa Cecília e seus bairros fronteiriços estamos falando também de outros lugares, próximos e longínquos, que compartilham fronteiras, angustias e desejos e que enfrentam a mesma relação diária de atração e repulsa.
fotos: Fábio Pazzini