Livremente inspirada no livro “As cidades invisíveis” de Ítalo Calvino e fala de lugares que sofrem intensa movimentação, degradação ou abandono, cuja terra foi revolvida, onde as coisas trocam de lugar ou simplesmente desaparecem dando lugar a outras.

Memórias devem ocupar um espaço, não no esquecimento nem na nostalgia, mas num lugar que podemos visitar de vez em quando para lembrarmos dos tempos lentos e onde era possível a contemplação. Quando estávamos em Santos no bairro do Valongo ou na aclimação na Rua Topázio, em cima de alguma pedra ou monte de entulho, o vento às vezes soprava e nos contava histórias.

Para acessar o passado basta ouvir as histórias que contam o vento, as ranhuras das paredes e o chão, como queria Calvino e descobriremos o que havia no lugar da fábrica de explosivos. É só se equilibrar em meio aos escombros para descobrir o que teima em nascer.
fotos: Fábio Pazzini