TEMPO SUSPENSO
TEMPO SUSPENSO nasceu a partir de inquietações e questionamentos acerca dos efeitos no corpo da perda e da busca de um lugar e sobre a capacidade humana de redesenhar mapas próprios. Essa criação dá continuidade à pesquisa da Cia. Artesãos do Corpo, sobre estados físicos e situações em suspensão ou momentos MA. Como ponto de partida a situação dos refugiados que chegam à cidade de São Paulo e os espaços que os acolhem.
Partir sem olhar pra trás, sem nada levar. No olhar as últimas imagens da destruição – será que nos veremos de novo?
Dali em diante, em terras estrangeiras, restará se perder em memórias que chegam sem convite, em lembranças e afetos que darão forças para enfrentar a condição de refugiado.
Nas escadarias da Pastoral do Migrante em São Paulo (espaço de residência e pesquisa da companhia durante o projeto) o tempo parece suspenso. O mesmo acontece em alguns horários do dia no saguão que acolhe aqueles que não estão aqui porque querem.
Foi alí, ouvindo a melodia de tantos idiomas, vendo as imagens de seus celulares, e a magnifica capacidade em superar o horror que acabaram de viver, que iniciamos essa criação. Logo descobrimos que suas necessidades prementes de trabalho, moradia e afeto se igualam a de milhares que aqui vivem.
A questão do refúgio é um desafio mundial e poderia ser uma grande oportunidade para as nações ultrapassarem o preconceito, caminhando para um mundo novo. Não é isso que está acontecendo e o número de pessoas deslocadas não para de crescer. Enquanto as nações repetem velhas estratégias de exclusão do diferente, o tempo permance suspenso.
O palco é o local de refúgio e acolhimento dessa geografia em trânsito, um lugar onde memórias diversas se cruzam e entrecruzam traduzindo através do corpo depoimentos e experiências sobre a busca de um lugar onde seja possível dançar essas histórias, memórias, perdas e ausências.
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fotos: Fábio Pazzini