Pararua #1

Será que estamos sensíveis à passagem das estações na cidade? Quais detalhes nosso olhar destaca no imenso turbilhão de imagens e informações presentes no cotidiano das grandes cidades? Que recorte nós escolhemos e o que de poesia, indignação, reflexão e sorrisos extraímos desse fragmento de realidade?
Ocupar a rua com a dança é um exercício poético e político, pois ao trazer para o espaço público um corpo que se movimenta reelaborando esteticamente a realidade urbana, podemos refletir sobre o real sentido da rua: Lugar de estar não só de passagem. Local de convívio não da exclusão, espaço de trocas simbólicas e afetivas não só do consumo, ambiente perfeito para a dança dos heróis anônimos como o Sr. Calvino.
Os textos que compõe essa publicação transitam por ruas distintas: dança, cidade e literatura. Essas vias se cruzam, deslocam-se em paralelo, apontam para caminhos diferentes, mas pertencem ao mesmo mapa. Cabe ao leitor traçar uma cartografia pessoal e deixar-se guiar por sua intuição. Se você se perder não se preocupe, pois até o grande viajante Marco Polo já passou por isso e confidenciou: que quanto mais se perdia em bairros desconhecidos de cidades distantes, melhor compreendia as outras cidades que havia atravessado para chegar até lá.

Ederson Lopes