





Valparaíso
A peça Valparaíso traz para o palco temas aparentemente paradoxais: artes plásticas, lixo e povos “deslocados”, provocando uma reflexão do que realmente é arte no sentido e não somente no conceito. Abordando principalmente a relação do corpo com as obras de arte e com o espaço, museológico ou não, onde ela está inserida.
São diferentes abordagens entre o corpo e as artes plásticas, seja para apreciar uma obra, para demonstrar status ou simplesmente para se relacionar dentro deste ambiente o corpo adota artifícios, gestos e formas que beiram o surrealismo; portanto Valparaíso acaba sendo uma crítica e uma homenagem ao universo das artes-plásticas e a relação do homem com o belo.
A peça é composta por 08 quadros (Crítico, Vernissage, Árvore, Guggenhein, Quadros de uma Exposição, Baile, Desnudar e Terra) criados à partir das pesquisas sobre os temas escolhidos, tendo a frase de Pablo Picasso como fio condutor da encenação e da dramaturgia. “Um quadro é uma soma de destruições”.
Fazendo uma relação entre a peça e uma tela em branco, podemos dizer que no final existirá uma pintura com diferentes estilos e influências, com pinceladas fortes assentadas com extrema sensibilidade e poesia. Cores puras e vivas modificando superfícies e dando novas texturas ao corpo e a fala dos atores terá ainda a entrega à beleza como início do terrível (R.M.Rilke) e a possibilidade de enxergar a beleza no simples e no branco.
A Arte deveria ser independente, única, e apelar para o sentido artístico dos olhos e ouvidos, sem se confundir com emoções alheias a ela, como devoção, piedade, amor e patriotismo. Nada disso tem nenhuma relação com a arte, e é por isso que insisto em chamar meus quadros de “arranjos” e “harmonias”
- Whistler pintou Valparaíso em 1866.
fotos: Fábio Pazzini