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Colecionando depoimentos – Encontros Virtuais da Cia. Artesãos do Corpo

posted on maio 18th 2020 in Uncategorized with 0 Comentários

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ENCONTROS VIRTUAIS DA CIA. ARTESÃOS DO CORPO – OUTONO 2020

Registro, reflexões e memórias dos encontros virtuais da Cia. Artesãos do Corpo durante o período de quarentena.

 

13/05/2020 (Hiro)

Oi, Queridos,

Que bom podermos nos encontrar no zoom e verbalizar nossas sensações: a Mirtes querendo sair/fugir e o Ederson no resgate como nas praças do Sr Calvino, a Dawn mais silenciosa, talvez pelos excessos de tarefas dentro e fora do lar, a Fany e seus galhos nos provoca inveja com seu bunker verde junto a famiglia, o Léo também tem seu bunker, sua sanidade e seus Guegué e Kiki(?), o Marcelo navegando sempre e colando no seu kit e com o seu Ari.

Ficar enclausurado e só não me incomoda muito pois não falta o que fazer,  venho acumulando coisas há mais de quarenta anos e gosto de reorganizá-las resgatando memórias que me inspiram em novos projetos. Evito as indagações de quando esta pandemia vai terminar, penso somente em quando poderei sair às ruas e encontrar meus afetos com segurança.

Percebo que estou mais sensível, será falta de vitamina D? Algumas cenas de filmes, principalmente de encontros e despedidas me emocionam e por vezes, me arrancam lágrimas, antes não era assim… com o avanço da idade sinto que meus olhos estão mais ressecados e que a tela do computador incomoda meus focos astigmáticos, mesmo assim ainda consigo lacrimejar.

A finitude está muito presente, já estava… mas agora há mais cabeças e corpos se apagando e deixando vários trajetos/projetos interrompidos. O fim nos acompanha, nos rodeia e nos mostra a urgência da vida em liberdade.

O que eu encenaria hoje? Talvez a tristeza que sinto, a revolta e o fazer livre. Existe o íntimo, o interno, o nuclear, a comunidade, o coletivo, a humanidade, a natureza infinita… somos muito pequenos. Este todo sintetizado no gesto econômico, sutil, na palavra curta que reverbera, na intensidade dos estados da matéria com os nervos eriçados, na dança do entrecorpos/entreobjetos, no espaço necessário ao viver por viver.

Beijos! Hiro

 

15/05/2020 (Mirtes)

Hiro

Que lindo relato.

Assim como os escritos do Leo e da Fany, me sinto representada em muitos momentos , alguns até que nem pensei estar sentindo, mas quando li percebi que isso estava me tocando também.

Nessas condições de falta “de ar”e de horas em frente às telas, chorar pode ser um grande negócio, além de lubrificar os olhos, nos faz bem. Será que não tinhamos tempo para chorar?

Que bom que vc acumula coisas há 40 anos! Me sinto menos culpada. Aquela senhora novaiorquina que tem 93(?) declara que acumula coisas há pelo menos 70 anos. Então? vc é um principiante.

Quando vc diz que estamos nos deparando com a finitude percebi que senti isso fortemente e não havia verbalizado. Pessoas que admiramos, artistas morreram de uma tacada só. Além de tudo o que está nos rodeando, ainda temos que lidar com essa sensação. Eu mais ainda…hoje faço 70 anos.

Obrigada por compartilhar conosco sensações preciosas.

Beijos mil

mi…encarando

 

15/05/2020 (Ederson)

Vocês vem colecionando coisas. Fica mais poético e menos pesado.

Acumular está relacionado com objetos sem sentido e valores. Está relacionado ao consumismo e ao descarte, quando colecionamos carregamos esses objetos de significados e memórias…

 

15/05/2020 (Mirtes)

Pessoas queridas

Vcs consideram que estamos passando com elegância por essa experiência terrivel?

Acho que sim, embora os palavrões venham à boca com endereço certo, no mais, vamos levando com sentimentos alternados de alegria, tristeza, medo, fomes nunca antes sentidas, anciedades nunca experimentadas.

Mas quando nos vejo juntos, mesmo recortados em 6 telas, tenho a certeza de que será um tempo de MA, já é aliás, um tempo em que muitas vontades estão sendo criadas, muitos movimentos se avizinham e muitas idéias estão sendo colecionadas.

Aí, fico bem. Essa união não vai permitir que sejamos vencidos pelo horror ao redor.

Cada um de nós contou como foi o dia das mães. Como foram os últimos, o que não fizemos e o que fizemos. Foi bem emocionante.

Fizemos uma rodada de – qual peça vc quer apresentar depois de sair da quarentena, supondo que os teatros sejam liberados. Ficou assim:

– Marcelo – Espasmos Urbanos

– Hiro – Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios

– Mirtes – Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios

– Dawn – Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios no teatro e Sr Tati na rua

– Fany – Sr Calvino

– Leo – Olhar Urbano e Sr. Calvino

– Ederson – Sobre o Começo ou o Fim e Espasmos Urbanos

Tocar e Fronteira ; Dawn comenta sobre as proporções que o toque tomou nesses tempos de confinamento. Também destaca que a palavra – froteira- ganha novas definições a partir de agora. O mesmo se dá com o que é próximo.

Também comentou sobre umaa performance em que um pic nic foi realizado próximo à faixa de segurança e no cobertor colocado no chão para sentarem e comerem foi desenhado uma faixa de limite também

Ederson : o toque na tela e suas implicações

Se vcs quiserem podem desenvolver melhor esses temas por escrito. ok?

Então vamos lembrar do Aikido e usar nessa experiência do confinamento:

– entre com simplicidade

– marque presença

– saia com elegância

Beijos mil

mi..marcando

 

16/05/2020 (Leandro)

É tudo isto que está acontecendo

Era terça
Hoje é sábado
Cada dia um dia
Ontem foi aniversário
Domingo passado era dia das mães

Era terça
Tentei mudar de lugar na casa para acessar o computador
Não funcionou desta vez
Voltei a antiga reformada poltrona, no quarto

O que nos levou para este lugar?
Lugar, palavra que no singular soa mais antiga que a poltrona, no quarto

Tocar na tela meio à conexão instável
Sensações duvidosas
Noções esparsas

A humanidade sai disparada no intuito de descobrir
Infectologistas estudam, até agora sabem pouco
Pouco se pode afirmar
Nem médicos, nem líderes, nem infectologistas
Nem taxistas
Nem donas de casa, nem curandeiros, nem artistas…

A humanidade sai disparada no intuito de tentar descobrir
Médicos, líderes, infectologistas
Taxistas
Donas de casa, curandeiros, artistas…

Trazer à luz o que sintetize as conjunturas
Pouco se pode afirmar
Por hora e por não saber o que está acontecendo
Habitua-se a dizer: É tudo isto que está acontecendo

Mais informações no guichê ao lado do futuro

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